jun/15 | em Depoimentos

Rodolpho Camargo: relato sobre o programa FLTA

O bolsista Rodolpho Camargo foi professor assistente de língua portuguesa nos Estados Unidos em 2014 e faz um relato sobre o programa FLTA, confira:

“Antes de descobrir que havia sido aprovado para ser um professor assistente de língua portuguesa (FLTA) em uma universidade nos Estados Unidos, minha visão de América do Norte não podia ser mais otimista e eu não via motivos para querer voltar à realidade do Brasil que eu conhecia e imaginava ser tão menos atraente. Pisei em solo estadunidense pela primeira vez em agosto de 2014 e participei da orientação internacional com bolsistas de vários outros países, muitos dos quais eu nunca havia ouvido falar antes. Era um sonho transformado em realidade por conta de uma oportunidade única de bolsa de estudos concedida pela Fulbright, um privilégio meu e de mais cerca de 400 pessoas vindas das mais diversas partes do planeta.


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Ao chegar em minha faculdade, a Allegheny College, em Meadville, no interior da Pensilvânia, fui recebido por pessoas que de imediato me acolheram e fizeram de tudo para que eu me sentisse o mais confortável possível levando em conta o choque cultural que eu estava sentindo. E que choque! Eu não podia estar mais enganado ao pensar que as diferenças entre a cultura brasileira e a norte-americana eram sutis. E comida, clima e idioma não foram nem de longe meus maiores problemas: a maior diferença mesmo foi ter perdido o privilégio que eu possuía no Brasil de não sentir que a cor da minha pele era um problema. No entanto, apesar do preconceito sofrido por ser um imigrante latino-americano em uma uma região majoritariamente branca em um estado conservador, minha estadia não poderia ter sido mais fortalecedora e esclarecedora.

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Como era o único falante de português qualificado a ensinar na instituição devido ao fato de a professora titular estar em outro estado, meu trabalho teve enorme impacto e importância para a instituição. Minhas decisões foram sempre respeitadas pelo departamento e sempre fui consultado por minha professora quando era necessário tomar decisões. Eu era um profissional tão condigno de valor quanto qualquer outro. Além disso, as disciplinas que cursei, com foco em questões de classe, raça e gênero, foram relevantes à atualidade de tensões raciais do país e essenciais para que eu passasse a ver o mundo de uma forma completamente diferente daquela do início do programa: socialmente engajada, crítica e realista. Por meio delas, pude questionar a visão romantizada que eu possuía antes do intercâmbio.

Academica e socialmente, minha vida como um FLTA (Foreign Language Teaching Assistant) da Fulbright foi um desafio que a partir de agora espero encontrar em todas minhas experiências daqui para a frente: choque, questionamento, aprendizagem e aceitação.”


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